Portugal
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Lucros da Jerónimo Martins aumentam 33%, para €558 milhões

Nos primeiros nove meses do ano, a Jerónimo Martins, que tem o Pingo Doce, registou lucros de 558 milhões de euros, o que representa um crescimento de 33% face ao exercício anterior, informou o grupo em comunicado divulgado esta quarta-feira.

As vendas cresceram 22,1% para 22,5 mil milhões de euros entre janeiro e setembro, em linha com o terceiro trimestre (+22,0%), que fechou nos €7,9 mil milhões.

O EBITDA (lucros antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) subiu 18,0% para €1,6 mil milhões, com a respetiva margem a fixar-se nos 7,1%, e no terceiro trimestre cresceu 18,0% para €586 milhões. O ‘cash flow’ dos primeiros nove meses ficou nos €159 milhões e a dívida líquida situou-se nos €2,1 mil milhões, com o grupo a apresentar uma posição líquida de caixa que se cifra em €959 milhões

Na análise dos resultados, o grupo liderado por Pedro Soares do Santos refere que “todas as insígnias mantiveram o foco estratégico na competitividade, garantindo um forte desempenho das vendas ao longo do período e mitigando os efeitos, sobre a margem EBITDA, da tensão gerada, simultaneamente, pela acentuada redução da inflação alimentar e pela elevada inflação nos custos”.

Desempenho “robusto” no Pingo Doce

Em Portugal, refere, o Pingo Doce registou um desempenho robusto, continuando a consolidar a diferenciação da insígnia e a melhorar a experiência de loja através do programa de remodelações em curso. O Recheio alavancou na competitividade e na força da sua proposta de valor para o segmento HoReCa o excelente desempenho registado".

"A inflação alimentar continuou a diminuir nos últimos meses, cifrando-se em 12,6% nos 9 meses e 6,9% no terceiro trimestre. O contexto de consumo permanece débil, com o rendimento real das famílias exposto a pressões decorrentes de níveis elevados de inflação geral e, principalmente, de taxas de juro mais altas", diz o comunicado que sublinha “a dinâmica que se verifica no turismo em Portugal” a dar suporte à atividade do sector de Cash & Carry.

Quanto ao Pingo Doce, que abriu oito lojas, encerrou uma e remodelou 36 localizações desde janeiro, “manteve uma forte dinâmica promocional ao longo do período, registando um sólido crescimento de vendas, reforçando a competitividade da insígnia e o desempenho de volumes”: mais 8,8% em 9 meses, para 3,5 mil milhões de euros (8,4% numa base comparável) e mais 9,3% no trimestre, atingindo 1,3 mil milhões de euros.


No Recheio, a evidenciar a dinâmica que se verifica no canal HoReCa (hotelaria e restauração) em Portugal, as vendas cresceram 18,1% e ultrapassaram, pela primeira vez, os mil milhões de euros em 9 meses (16,7% para a mesma base). No trimestre, o crescimento foi de 10,3% para 371 milhões de euros.

O EBITDA da Distribuição Portugal atingiu 268 milhões de euros, 11,6% acima de 2022, com a margem EBITDA nos 5,9%, em linha com o ano anterior.

Reforçar quota na Polónia

Na Polónia, onde as vendas em volume no retalho estão em queda, a Biedronka conseguiu, à semelhança dos trimestres anteriores, voltar a adicionar mil milhões de euros às vendas dos últimos três meses e reforçar a sua quota de mercado.

Entre janeiro e setembro, as vendas em moeda local da cadeia cresceram 21,7%, somando 15,8 mil milhões de euros, 24,2% acima de 2022, e foram inauguradas 92 lojas (78 adições líquidas), a que se juntou a remodelação de 270 localizações.

“O significativo crescimento de vendas levou o EBITDA a aumentar 20,9% (+18,4% em moeda local) e o investimento em preço, conjugado com a inflação de custos, pressionou a margem EBITDA, que se reduziu para 8,6% (8,8% em 9 meses)”, refere.

A Hebe apresentou “um forte crescimento, também no online, e fortaleceu a sua posição competitiva”, com a vendas em moeda local a aumentarem 27,8% e, em euros, a darem um salto de 30,5%, para 329 milhões de euros, e abriu 17 lojas, somando agora 328 localizações.

1.241 lojas na Colômbia

Na Colômbia, diz a direção do grupo, “a pressão sobre o consumo tem vindo a intensificar-se ao longo do ano” e “a Ara continua a investir em preço, trabalhando para reforçar o seu posicionamento e crescer acima do mercado”.

Com a inflação alimentar no país nos 17,3% em 9 meses e nos 12,4% no trimestre, o grupo refere a “queda de volumes no mercado alimentar”, mas sublinha o reforço do posicionamento da marca, com as vendas em moeda local a crescerem 48,7% até setembro e a aumentarem 35,5% em euros, para os 1,8 mil milhões. No terceiro trimestre, as vendas totalizaram 666 milhões de euros, 42,5% acima do período homólogo.

O EBITDA cifrou-se em 31 milhões de euros até setembro (42 milhões de euros em 2022), com a respetiva margem a situar-se nos 1,8% (3,3% em 2022) e, mais uma vez, diz o grupo, "a pressão na margem reflete os efeitos do significativo investimento em preço, da deterioração do ‘mix’ de margem devido ao ‘trading down’ e da juventude de uma percentagem elevada do parque de lojas" num período em que a marca inaugurou 151 lojas, somando atualmente 1.241 unidades.

Olhando ao comportamento nas diferentes geografias, o grupo refere que “as propostas de valor assertivas e o compromisso de todas as insígnias de manterem os preços baixos num contexto difícil para os consumidores impulsionaram o aumento das vendas e permitiram um sólido crescimento do EBITDA”. Já a respetiva margem “caiu 24 pontos base face aos 9 meses de 2022, refletindo o investimento em preço e a inflação registada ao nível dos custos”, refere o grupo que no final do setembro apresentava uma posição líquida de caixa de 959 milhões de euros.

“Fomos capazes, num contexto difícil, de ser a primeira escolha dos consumidores, aumentar vendas, e proteger a eficiência, a rentabilidade e a sustentabilidade dos nossos negócios”, diz o presidente do grupo, Pedro Soares dos Santos, num comentário ao desempenho.

A pressão da inflação e os investimentos

“Estamos conscientes de que, nos próximos meses, continuaremos a ter de gerir a pressão sobre os negócios resultante do cruzamento de duas forças contrárias: a queda acentuada da inflação alimentar e a forte inflação dos custos”, antecipa.

E sobre a conjuntura internacional deixa, também, uma nota: “Com a guerra ainda sem fim à vista na Ucrânia e a escalada de tensão no Médio Oriente, a evolução dos acontecimentos e o seu impacto sobre a confiança, já muito frágil, dos consumidores são altamente incertos”.

Relativamente ao futuro, a direção reitera o compromisso com os objetivos de longo prazo, reiterando todas as perspetivas anteriormente divulgadas para cada um dos seus negócios e manifesta a “intenção de manter também o investimento como prioridade, estimando que fique em linha com o concretizado em 2022 (cerca de mil milhões de euros), com a Polónia a receber cerca de 45%”.