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Marcelo fala para o pós Costa (e pós Montenegro?): atenção ao risco de "mini-ciclos governativos"

Marcelo fala para o pós Costa (e pós Montenegro?): atenção ao risco de "mini-ciclos governativos"

Nuno Fox

Presidente insiste que há “sinais preocupantes” na estabilidade do sistema político português. Anda a avisar desde 2018, mas diz que os riscos são hoje “mais evidentes”.

O Presidente da República anda desde 2018 a alertar para a necessidade de haver uma consistente alternativa de poder ao PS e esta quarta-feira recordou isso mesmo, mas para confessar que as razões para a preocupação que manifesta há cinco anos lhe parecem hoje “mais evidentes”.

“É bom que não aconteça em Portugal” a fragmentação política verificada noutros países europeus, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa na Ordem dos Economistas, explicando que o aviso que agita “desde 2018” é para "os dois hemisférios políticos, esquerda e direita.

Um e outro terão, na sua opinião, que saber “lidar com as novas realidades” e perceber que “não vale a pena” atribuir “epítetos” a quem vem “preencher vazios”, porque "não deixam de preencher os vazios", afirmou, numa aparente alusão ao Chega.

E os avisos parecem estar já a olhar para o pós-António Costa (com quem o Presidente diz ter conseguido garantir um ciclo “de estabilidade”). E também para Luis Montenegro e para o PSD, onde já se somam cenários para uma inevitável sucessão na liderança do partido, se as europeias de 2024 não se traduzirem numa vitória.

“Não seria bom que num ciclo de potencial estabilidade, se seguisse um ciclo formado por mini-ciclos governativos, com fragmentação”, afirmou Marcelo, sublinhando que a sua "preocupação vem desde 2018” mas “está mais evidente”.

O Presidente não explica porquê, mas nas entrelinhas do discurso que levou à plateia de economistas está um óbvio défice de confiança na capacidade de o PSD conseguir liderar uma alternativa de direita estável. Coisa que aponta como vital, até para que não continuem pendentes e a marcar passo dossiés estruturantes para o país.

Numa altura em que Portugal ainda beneficia de estabilidade política, Marcelo avisa que é preciso gerir uma “corrida contra o tempo” e evitar “faltas de acordos de regime” naquilo que é “óbvio, óbvio”, como a futura infra-estrutura aeroportuária em Lisboa, que "conviria que não esperasse pelo ciclo seguinte”, quando existe o perigo de mudanças de decisões.

“Há que manter a confiança e estabilização e o aproveitamento de fatores externos”, insiste o PR, que soma ao novo aeroporto outros problemas que “têm sido tratados circunstancialmente”, nomeadamente na Administração Pública e na Justiça, e também ao nível da “coesão”. Esperar “mais 50 anos” é ficar à mercê do risco de "mini-ciclos de flutuação de decisões”, que o Presidente não afasta do horizonte.

"No tempo de radicalização é muito difícil que não sejam os radicais a conduzir o discurso dos moderados, sobretudo quando não estão no poder”, alerta Marcelo. Numa mensagem que vai para os dois maiores partidos.

A Costa, o Presidente pede atenção e pressa ao que que é essencial, lembrando que “nestes oito anos “houve estabilidade no sistema político, quer no político- partidário quer na coabitação” e ”o normal", disse, é que este ciclo "dure dez anos". Mas isso não o tranquiliza.

“É bom que o termo do ciclo que estamos a viver — presidencial e parlamentar — não seja marcado por fragmentação nos dois hemisférios”, insistiu, deixando ums recomendação também ao PSD e ao seu partido: ou conseguem liderar uma alternativa de direita, ou arriscam-se a ficar na mãos de "mini-ciclos de poder".

A menos de três anos das presidenciais e das legislativas que fecharão a sua coabitação com António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa miostra-se intranquilo e atento com a “imprevisibilidade no nosso sistema político”.