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Ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia: Rússia "poderia acabar a guerra esta tarde"

Ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia: Rússia "poderia acabar a guerra esta tarde"

JUSSI NUKARI

Elina Valtonen desvalorizou as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que criticou a "rapidez" com que Helsínquia "pisou" o seu histórico estatuto de neutralidade. “A Finlândia não é neutra há muito tempo, especialmente desde que aderimos à UE”, respondeu a ministra

A chefe da diplomacia finlandesa afirmou, em entrevista à Lusa, que a Rússia poderia "acabar com a guerra esta tarde", sublinhando que a Ucrânia tem legitimidade de se defender e os países ocidentais têm o direito de ajudar.

"A Rússia pode acabar com esta guerra ainda esta tarde. Foram eles que a começaram. São eles que estão a agir ilegalmente. Se a Ucrânia deixasse de se defender, provavelmente não restaria nenhuma Ucrânia. Portanto, esta é uma situação muito desequilibrada", considerou Elina Valtonen, em declarações à Lusa em Helsínquia.

"A razão pela qual nós, no Ocidente, estamos a ajudar a Ucrânia é, claro, para que a Ucrânia possa permanecer independente e soberana e proteger a sua integridade territorial, a que tem todo o direito, com base na Carta das Nações Unidas, e nós também temos o direito de a ajudar. Nesse sentido, também com base na Carta das Nações Unidas, continuaremos a fazê-lo", assegurou a ministra, do partido Coligação Nacional (centro-direita), que integra um governo com os nacionalistas do Partido dos Finlandeses, o Partido Popular Sueco e os democratas-cristãos.

A ministra manifestou esperança de que "talvez um dia venha a existir uma situação em que possa haver algumas negociações", salientando que "será importante que a Ucrânia esteja numa posição em que possa aceitar os termos da paz e também estar em posição de redigir esses termos".

Por outro lado, Elina Valtonen desvalorizou declarações recentes do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que criticou a "rapidez" com que Helsínquia "pisou" o seu histórico estatuto de neutralidade.

"A Finlândia não é neutra há muito tempo, especialmente desde que aderimos à União Europeia. É certo que não temos estado alinhados militarmente, o que mudou quando aderimos à NATO, em abril. Mas diria que isto soa a retórica normal a que estamos habituados por parte da Rússia", sustentou.

A chefe da diplomacia finlandesa advogou que a União Europeia (UE) e os países tradicionais que prestam ajuda ao desenvolvimento em África "precisam de se concentrar" nos países africanos, onde, disse, "há uma espécie de guerra de narrativas, em que a Rússia e a China estão a produzir a sua parte".

Os países europeus "devem trazer a verdade sobre que está a acontecer realmente".

Para tal, a governante finlandesa advoga que a Europa deve reforçar a cooperação com África "a muitos níveis".

Vários países africanos não condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia, o que Elina Valtonen justifica com a dependência económica que têm de Moscovo.

"Temos de ser mais fortes na emancipação das pessoas, ajudá-las na sua vida quotidiana e também a criar um ambiente propício ao investimento e para uma economia de mercado adequada. Devemos fazê-lo para que as pessoas na rua vejam que há realmente benefícios económicos nas relações com a União Europeia", sublinhou.