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“Tecnologia não é o monstro, é a resposta”

“Tecnologia não é o monstro, é a resposta”

Nuno Fox

O segundo dia da conferência Digital With Purpose, que está a decorrer na Altice Arena, e da qual o Expresso é media partner, abriu com o foco no papel do sector financeiro na sustentabilidade, e encerrou os trabalhos com uma questão quase filosófica: temos futuro? Conheça as ideias-chave

Olhar o sector financeiro como uma das ferramentas essenciais para apoiar e financiar a viagem da sustentabilidade nas empresas, perceber como estão as grandes e as mais pequenas organizações a encarar a urgência desta transformação, e entender o papel da tecnologia para modernizar um sistema educativo retrógrado e desenquadrado das necessidades do século XXI foram os temas que marcaram a manhã do segundo dia da conferência Digital with Purpose, que está a decorrer até amanhã na Altice Arena, em Lisboa. Para a tarde ficaram reservadas conversas sobre a importância das soluções locais, promovidas pelos municípios e empresas de cada região, para o desenvolvimento de cidades mais inteligentes, e a gestão da transição digital a este nível, mas também uma reflexão sobre o impacto das ferramentas digitais no ambiente. A fechar o dia no palco principal da conferência, a questão, a que todos gostariam de responder afirmativamente, mas cuja resposta ninguém tem a certeza: temos futuro?

Em paralelo, e ao longo do dia, decorreram várias sessões de pitch, onde foram apresentados os projetos que esperam ser distinguidos no final do evento, numa competição promovida pela StartUp Portugal. Já nos palcos Inovação e Huawei, foram abordados temas como o poder e o impacto das mulheres na tecnologia para promover a sustentabilidade, e apresentados projetos na área da educação, da biodiversidade ou do ambiente.

Financiar a transição

Durante a próxima década serão necessários cerca de 6 triliões de dólares para financiar a transformação das empresas rumo à sustentabilidade. Destes, cerca de metade correspondem ao investimento necessário à descarbonização, 2,5 triliões terão que ser aplicados na modernização de infraestruturas, e cerca de 0,5 triliões destinados a investir em soluções de combate à escassez de água. Para garantir o cumprimento atempado das metas, o peso destes investimentos não poderá ser suportado inteiramente por governos e empresas, que terão que recorrer ao sistema financeiro. Mas de que forma pode este sector contribuir para a sustentabilidade? Anastasia Amoroso, acredita que não há uma receita única, mas defende igualmente que, até ao momento, as soluções disponíveis “não têm sido bem-sucedidas”. No entanto, para a chief investment strategist da iCapital, existe atualmente uma conjugação de intenções que pode ajudar a acelerar a transformação. Por um lado, explica, os governos estão a impor cada vez mais regulação e, por outro, as empresas mostram maior intenção de investir. Para alinhar os interesses de todos, Anastasia defende uma maior promoção da integração de estratégias ESG (Environment, Social, Governance) nas empresas, que servirão de certificado de qualidade para serem financiadas.

Outras conclusões:

  • Regulação não pode ser demasiado complexa e exigente, sob pena de empresas de menor dimensão não conseguirem acompanhar. O grande desafio é incluir estratégias ESG nas empresas mais pequenas.
  • A informação e formação são fundamentais para as empresas darem os primeiros passos no ESG. Benchmarking pode ser importante para fomentar alguma ‘competição’ e despertar a vontade de mudar.
  • Entre as maiores 2000 empresas do mundo em volume de receitas, 93% acreditam que não conseguem cumprir as metas da descarbonização até 2050.
  • 62% dos líderes mundiais estão diariamente preocupados com os impactos as alterações climáticas, a nível pessoal e nas suas empresas, e 82% já sentiram diretamente estes efeitos.
  • Mais de 50 anos depois da cimeira de Estocolmo, quando foram definidas as primeiras metas climáticas, poucos destes objetivos foram concretizados.
  • Atualmente, temos as ferramentas para mudar o mundo. Não há razão para a pobreza nem para usar energias fósseis porque há alternativas.
  • A maior ameaça ao planeta é a espécie humana. É preciso agir em conjunto para retirar as oportunidades que existem no seio das ameaças.
  • Confiança na ciência é fundamental.
  • Tecnologia será a nova revolução. Não é um monstro, é a resposta, mas é preciso encontrar a melhor forma de aplicá-la.